Soluções inovadoras que equilibram o desenvolvimento técnico e a responsabilidade ambiental não são mais uma opção – são uma necessidade para o futuro da Geotecnia. Assim, o desenvolvimento ambiental saiu do lugar discursivo e passou a ocupar espaços voltados para ações guiadas por métricas de valor das companhias.
Isso levou as empresas a adotar medidas que atendem às exigências do mercado e às demandas da sociedade. Nesse contexto, a Geologia desempenha um papel ativo em todo o universo da Geotecnia, com a adoção de boas práticas ambientais na execução dos serviços.
Para entender mais sobre a relação entre as duas áreas, conversamos com Caroline Campos Soares, geóloga formada pela USP e coordenadora de Geologia na Chammas Engenharia, que compartilhou como a Geologia contribui para o desenvolvimento sustentável das atividades da Geotecnia.
Caroline pontua que a sinergia entre Geologia e Geotecnica se inicia na academia, já que existe uma disciplina dentro da Geologia, denominada Geologia de Engenharia, que busca integrar os conhecimentos geológicos aos da Engenharia Civil.
“A Geologia desempenha um papel essencial na concepção de projetos geotécnicos, ao fornecer dados sobre a disposição e as propriedades dos materiais no subsolo. Essa integração com a engenharia é a base para soluções eficientes e seguras, especialmente em investigações de campo e modelos geológicos”, explica.
As soluções seguras descritas por Caroline vão ao encontro das demandas geradas pela mineração 4.0 e pelos princípios ESG (Environmental, Social, Governance). “Essas práticas fazem com que o setor repense processos, promova a redução de impactos ambientais e demonstre o compromisso das empresas com o futuro”, analisa. Ela complementa:
“Identificar riscos antes das operações e seguir as exigências legais, como a elaboração de EIA/RIMA, são passos fundamentais para mitigar danos”.
1 – Como a Geologia pode contribuir para a Geotecnia?
De muitas formas! Afinal, não é por acaso que existe uma disciplina dentro da Geologia, denominada Geologia de Engenharia, que busca integrar os conhecimentos geológicos aos da engenharia civil. De forma objetiva, a Geologia fornece informações sobre a disposição dos materiais em subsuperfície, bem como acerca de outras propriedades específicas, sendo esses dados fundamentais para a concepção dos projetos de engenharia.
No que diz respeito ao universo da Geotecnia, área em que atuamos, a Geologia desempenha um papel ativo e importante, sendo a área técnica responsável por programar e dimensionar os projetos de investigação de acordo com os objetivos do cliente, bem como por realizar a interpretação dos resultados provenientes dos métodos de investigação utilizados (sondagens, ensaios de campo, geofísica, dentre outros) e a elaboração de modelos geológicos.
2 – Como a sustentabilidade na geotecnia é enxergada pelo mercado atual?
Samir Chammas, CEO da Chammas; Caroline Campos, coordenadora de Geologia da Chammas; Riad Chammas, fundador e diretor técnico; e Arthur Hideo, geólogo na Chammas
O desenvolvimento sustentável é uma pauta que já está em discussão há algumas décadas. Porém, ela evoluiu de um tema central discutido pelos mercados mundiais para uma necessidade prática, uma métrica do valor de uma companhia. Com isso, as empresas passaram a adotar medidas que buscam atender aos requisitos impostos pelo mercado.
Dentro da esfera da Geotecnia aplicada ao contexto da mineração, não é diferente. Com a mineração 4.0, práticas mais sustentáveis passaram a ser promovidas, visando reduzir os impactos ambientais causados pelas atividades. Mais recentemente, essa revolução ganhou mais um elemento: os princípios de ESG (Environmental, Social and Governance), conjunto de práticas que buscam promover sustentabilidade e que são uma métrica do quanto um negócio promove boas práticas ambientais em suas atividades.
Portanto, trabalhar com sustentabilidade, observando as exigências e boas práticas ambientais, é imprescindível para a execução dos nossos serviços.
3 – A geotecnia gera impacto ambiental diretamente? Como a sustentabilidade é pensada no dia a dia da operação?
Qualquer atividade humana pode desencadear impactos no meio ambiente, sendo que alguns impactos podem causar danos maiores e mais difíceis de serem remediados do que outros, por exemplo. Por esse motivo, é fundamental planejar a execução das atividades antes do início das operações, com o intuito de identificar potenciais riscos e estudar formas de mitigá-los.
Para as atividades cujo potencial de degradação é elevado, deve-se observar o que consta na legislação vigente. Em âmbito nacional, a Resolução Conama nº1 determina que tais atividades deverão apresentar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
A elaboração de EIA/RIMA fica ao encargo do cliente, a depender do tipo de projeto que será executado. No que diz respeito à Chammas Engenharia, iremos atender aos requisitos ambientais estabelecidos pelos nossos clientes, além dos procedimentos internos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente.
4 – Pensando em lençol freático, como é possível pensar na Geotecnia como aliada do processo de preservação?
Os nossos serviços envolvem a execução de perfurações no subsolo. Portanto, devemos tomar alguns cuidados especiais para preservar os solos e as águas subterrâneas. Por isso, é fundamental que o uso de aditivos químicos, quando autorizado pelo cliente, seja feito com o emprego de substâncias biodegradáveis e que não agridem o meio-ambiente.
Também devemos nos atentar aos procedimentos corretos para o abastecimento das sondas com combustíveis, além de realizar as manutenções programadas dos equipamentos de perfuração, a fim de se evitar possíveis vazamentos de óleo. Um outro cuidado especial é justamente na observação da qualidade das amostras, uma vez que se o horizonte de solo amostrado estiver contaminado com substâncias perceptíveis a olho nu (por exemplo, óleo ou combustíveis), o operador do equipamento deve suspender o avanço e comunicar ao responsável pela campanha de sondagem, para definição dos próximos passos. Isso porque há o risco de contaminação cruzada do aquífero pelo avanço da sondagem, que pode carrear os agentes contaminantes para o lençol freático.
5 – Como podemos pensar em um futuro pautado em uma atividade que prioriza a saúde das pessoas e do meio ambiente?
Precisamos criar hoje o amanhã que desejamos viver. Portanto, crescer com sustentabilidade é uma necessidade real, e não apenas um discurso bonito. Se não cuidarmos do nosso meio ambiente, não deixaremos a casa organizada para as próximas gerações. O que quero dizer é que as atividades humanas geram impactos profundos no planeta terra e que são prejudiciais para o nosso bem-estar, considerando a escala de tempo da humanidade.
Acredito que se explorarmos os recursos de forma descabida, inconsequente e sem nenhuma preocupação, o resultado será caótico. Muitos recursos não são renováveis, além do fato de que a exploração deles causam desequilíbrios ao sistema-terra. Portanto, priorizar o meio-ambiente e promover um crescimento com sustentabilidade é o único caminho possível para o futuro.
“Precisamos criar hoje o amanhã que desejamos viver. Portanto, crescer com sustentabilidade é uma necessidade real, e não apenas um discurso bonito. Se não cuidarmos do nosso meio ambiente, não deixaremos a casa organizada para as próximas gerações.”